sábado, 8 de junho de 2013

Meios de Contrastes



CONTRASTES RADIOLÓGICOS


São substâncias radiopacas ou radiotransparentes utilizadas no estudo radiológicos de algumas estruturas anatômicas.

SULFATO DE BÁRIO

O sulfato de bário conhecido como (BaS04), conhecido como bário, é um sal insolúvel que, misturado á agua é utilizado como meio de contraste radiológico radiopaco. È inerte, ou seja, não é absorvido pelo organismo, sendo eliminado in natura .

DILUIÇÃO DO SULFATO DE BÁRIO
Para ser utilizado como meio de contraste radiológico o sulfato de bário deve ser misturado á agua, formando uma solução coloidal, ou seja, ele não se dissolve, ficando em suspensão na água. Para ser uma solução coloidal, o sulfato de bário tende a se precipitar com a solução em repouso, por isso sempre antes da sua utilização a solução deve ser agitada vigorosamente. A diluição do sulfato de bário (mais ou menos concentrado) é determinada em função do exame radiográfico a ser realizado. No mercado pode ser encontrado o sulfato de bário diluído (suspensão baritada) em diversas concentrações cada qual para uma determinada região a ser examinada. Pode também ser encontrado o sulfato de bário em pó para diluição em água.
 
INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES
O sulfato de bário (BaS04) é indicado como meio e contraste radiopaco nos estudos radiológicos do tubo digestivo (deglutição, esôfago, estômago, duodeno, intestino delgado e intestino grosso) Pode também ser usado para marcar alguma estrutura na pele, com o objetivo de esclarecer dúvidas, como por exemplo, a papila mamária (mamilo) na radiografia de tórax em póstero-anterior(PA).
A hipersensibilidade (reação alérgica) ao sulfato de bário(BaS04) é muito rara.
O contraste baritado não deve ser usado quando houver possibilidade de atingir a cavidade peritoneal ou mediastinal, ou seja, em pós-operatório imediato de alguma cirurgia do tubo digestivo, suspeita de alguma perfuração intestinal ou esofagiana ou algum caso em que o paciente deva ser operado logo após a realização do estudo radiológico. Nesses casos é usado contraste iodado hidrossolúvel.

CUIDADOS

Nos estudos radiológicos que envolvam o estômago ou o intestino grosso, decorrido algum tempo de exame, a suspensão baritada, em contato com as secreções gástricas ou dos colos, pode perder suas característica radiológicas (adesão á mucosa), ficando aglomerado em flocos e não aderido á mucosa, sendo esse aspecto denominado floculação do meio de contraste baritado. O sulfato de bário tende a se tornar endurecido, nas fezes tornando difícil a evacuação. Para evitar esse inconveniente, o paciente deve ser orientado após o exame a aumentar a ingestão de liquidos , e se houver necessidade, fazer uso de laxativos ( ou óleo mineral) tendo como parâmetros pelo menos uma evacuação por dia, nos dois dias consecutivos ao exame.

AR
O ar (ambiente) ou dióxido de carbono (CO2) é usado como meio de contraste radiológico radiotransparente. È comumente utilizado em associação ao sulfato de bário nos exames do tubo digestivo, na técnica do duplo contraste (bário-ar). O ar aqui utilizado pode ser obtido através da deglutição junto com a suspensão de sulfato de bário, ou através da ingestão de cristais produtores de gás (dióxido de carbono - (CO2), como o citrato de cálcio e o citrato de magnésio)

IODADOS

São contrastes radiológicos radiopacos que possuem o elemento iodo (I) na sua molécula. Em função da sua composição se dividem em contrastes iodados de excreção biliar (estudo da vesícula biliar e vias biliares); contrastes iodados lipossolúveis (histerossalpingografia e linfografia) e contraste iodados hidrossulúveis de excreção renal (mais comumente utilizados).

CONTRASTE IODADOS HIDROSSULÚVEIS

São solúveis em água, e podem ser administrados por via endovenosa (diretamente na corrente sanguínea), por via oral (deglutição) ou através de cateteres e sondas.


COMPOSIÇÃO

A estrutura básica dos meios de contraste iodados hidrossolúveis deriva do ácido benzóico, onde estão fixados três átomos de iodo(I) nas posições 2,4 e 6 com a associação de dois radicais orgânicos (R1e R2) nas posições 3 e 5 do anel benzênico. Os radicais orgânicos (R) conferem um caráter hidrofílico á molécula. A molécula pode ser composta por um anel benzênico denominada monômero triiodado (três átomos de iodo) ou com dois anéis, denominada dímero hexaiodado (seis átomos de iodo) Fig.18.1a e 18.1b)
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Fig. 18.1a -Esquema de um monômero Triiodado- I=átomo de iodo; R1=radical orgânico; R2=radical orgânico
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Fig. 18.1b -Esquema de um dímero hexaiodado Triiodado- I=átomo de iodo; R1=radical orgânico; R2=radical orgânico; R3= radical orgânico

 
OSMOLALIDADE

È definida como o número de partículas por quilogramas de solvente. Representa o poder osmótico que a solução exerce sobre as moléculas de água. Nos contrastes iodados, quanto maior a osmolalidade, maior a intolerância e a probalidade de reação alérgica.

CONTRASTE IODADO IÔNICO
A substituição do grupo ácido (H+ ) da molécula, por um cátion ( sódio [ Na+ ] ou meglumina), origina o contraste iodado do tipo iônico monomérico triiodado ou dimérico hexaiodado (fig.18.2a e 18.2b). O contraste iodado do tipo iônico possui alta osmolalidade e quando em solução dissocia-se em duas partículas: um ânion radiopaco e um cátion radiotransparente (sódio [ Na+ ] ou meglumina)
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Fig.18.2a - Fórmula de um contraste iônico monomérico triiodado
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Fig.18.2b - Fórmula de um contraste iônico dímerico hexaiodado


CONTRASTE IODADO NÃO IÔNICO
A subsitituição do grupo ácido (H+ ) da molécula, por amida ou glicose, origina o contraste iodado do tipo não iônico monomérico triiodado ou dimerico hexaiodado- Fig. 18.3a e 18.3b
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Fig 18.3a - Fórmula de um contraste não iônico monomérico triiodado
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Fig 18.3b - Fórmula de um contraste não iônico dimérico hexaiodado
O contraste iodado de tipo não iônico possui baixa osmolalidade e quando em solução não se dissocia. È mais bem tolerado pelo organismo humano.

INDICAÇÕES E CONTRA - INDICAÇÕES

Os contrastes iodados hidrossolúveis possuem indicação para vários tipos de estudos radiológicos, tais como os estudos do sistema urinário, do sistema vascular, fistulografias e outros. Durante a infusão endovenosa do meio de contraste iodado, o paciente geralmente refere uma sensação de "calor pelo corpo"," um gosto metálico na boca" e eventualmente náuseas. Esses sintomas desaparecem tão longo a infusão é encerrada. Com o objetivo de tranquilizar o paciente, ele deverá ser informado previamente á infusão do meio de contraste, da possibilidade da ocorrência e da duração desses sintomas. Pacientes com a função renal comprometida, ou seja com níveis séricos elevados de uréia (normal - adulto masculino 15 a 38,5 mg/dL . Método: urease/glutamato desidrogenase, automatizado) e creatinina (normal- adulto masculino 0.8 a 1.3mg/dL e feminino 0,6 a 1mg/dL. Método:Jaffé cinético modificado, automatizado ) não deve ser submetidos á infusão endovenosa de meio de contraste iodado hidrossolúvel, salvo se estiver em programa de diálise. Paciente diabético em uso de cloridato de metformina não deve receber contraste iodado, pois a associação dessas duas drogas (contraste iodado e metformina) pode determinar o desenvolvimento de insuficiência renal aguda.

REAÇÕES ADVERSAS AO MEIO DE CONTRASTE

Alguns pacientes podem apresentar reações adversas ao meio de contraste iodado que, dependendo dos sinais e sintomas apresentados, podem ser classificados em- Leves, Moderados, e Graves.


SINAIS E SINTOMAS IMPORTANTES

- URTICÁRIA pode aparecer sob a forma de pequenas regiões ou extensas placas avermelhadas, referida pelo paciente como "coceira" (prurido);
- EDEMA NAS PÁLPEBRAS é referido pelo paciente como"olho inchado" ou "não consegue abrir o olho" ;
- EDEMA FACIAL pode ser observado através de uma vermelhidão e edema parcial ou de toda a face. È referido pelo paciente como "sensação de lábio inchado" e/ou "sensação de orelha grande";
-TOSSE E PIGARO pode ser em função de edema da glote;
-ROUQUIDÃO pode ser observada conversando com o paciente, sendo percebida através da mudança do timbre da voz. Pode ser em função de edema da glote;
-DISPNÉIA referida pelo paciente como "falta de ar", ocorre em função de edema da glote ou de broncoespasmo.


O operador deve ficar atento aos sinais e sintomas relacionados ás reações adversas ao meio de contraste, que podem ocorrer no paciente. Na constatação de qualquer um deles deverá comunicar imediatamente ao médico radiologista. Com o objetivo de evitar algum sugestionamento por parte do paciente, ou seja, o desenvolvimento de algum sinal e / ou sintoma por sugestão e não por reação orgânica , o operador deve evitar comentá-los com o paciente . Em paciente atópico (alérgico) ou com reação adversa prévia ao meio de contraste ,quer seja por exame anterior e com a utilização de contraste iodado ou pela ingestão de substância ou alimentos que contenham o elemento iodo (I) na sua composição, a indicação do exame radiográfico com a utilização de contraste iodado deve ser criteriosamente revista.


MATERIAL COMPLEMENTAR

REAÇÕES ANAFILACTÓIDE
As reações ao contraste são idênticas a reações anafiláticas a drogas ou a alérgenos, porém, como não se estabeleceu uma resposta anticorpo-antígeno,chamamos de reação anafilactóide. O tratamento é o mesmo da reação anafilática.



Classificação das reações alérgicas e tratamento proposto:

LEVE- Reação limitada e sem progressão: náusea, vômito, tosse, calor, cefaléia, tontura, tremores, alteração do gosto, coceira, palidez, rubor, calafrios, suor, nariz entupido, inchaço facial e nos olhos, ansiedade.


TRATAMENTO- Observar o paciente, tratamento sintomático se necessário

MODERADO- Maior intensidade dos sintomas dos sinais sistêmicos- Taquicardia/bradicardia, hipertensão, eritema difuso ou
generalizado, dispnéia, broncospasmo, chiado, edema laríngeo, hipotensão moderada.

TRATAMENTO- Tratamento medicamentoso conforme sintomatologia, monitorização, ver necessidade de acionar a equipe de apoio (código amarelo ou correspondente).


GRAVE RISCO DE VIDA- Edema laríngeo (acentuado ou rapidamente progressivo), arresponsividade, parada cardiorrespiratória, convulsões, hipotensão acentuada, arritimias com manifestação clínica.

TRATAMENTO- Tratamento agressivo, equipe de apoio (código amarelo ou código azul no caso de parada cardirrespiratória),hospitalização.



USO DE PRÉ- MEDICAÇÃO




O uso de medicamentos prévia pode reduzir a chance de reação alérgica ao contraste. Entretanto, nenhum esquema foi capaz de prevenir completamente a sua recorrência. Além disso, nenhum estudo demonstrou redução de risco para pacientes que apresentaram reação alérgica grave, possivelmente devido à raridade desta manifestação, o que dificulta a sua comprovação científica. Em nosso serviço, reserva-se o uso da pré-medicação aos pacientes que apresentaram reações alérgicas leves ou moderadas e que não tenham contraindicação às drogas preconizadas. O componente mais importante do esquema é o corticóide e é necessário que seja administrado pelo menos 6 horas antes do uso do contraste para que se obtenha algum efeito. A via preferível é a oral, porém, caso seja necessário, pode-se substituir pela via venosa (200 mg IV de hidrocortisona – Solucortef)12 horas e 2 horas antes do exame. O uso do anti-histamínico (H1) reduz a incidência de angioedema, de urticária e de sintomas respiratórios. Recomenda-se o uso oral 2 horas antes do exame (padronizado cloridrato de fexofenadina - Allegra 60 mg). Se a via venosa for necessária, pode ser substituído por 50 mg difenidramina - Benadryl. O uso de anti-histamínicos H2 é controverso e não é recomendado pelo nosso serviço, pois existem relatos de aumento da incidência de reações alérgicas com o seu uso.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tratamento e Cuidados



Tratamento e Cuidados

Este grupo abrange substâncias de variada natureza que são utilizadas para fins de diagnóstico.

Dividem-se em três grandes grupos: meios de contraste radiológico, meios de diagnóstico não radiológico e preparações radiofarmacêuticas (radiofármacos).


MEIOS DE CONTRASTE RADIOLÓGICO

São substâncias que pelas suas características físico-químicas são contrastes capazes de absorver raios X. A necessidade de combinar uma capacidade de absorção satisfatória com uma tolerância suficiente por parte do organismo humano, limitou a escolha de elementos ao iodo, ao bário (apenas sob a forma de sais insolúveis e não absorvíveis, dada a toxicidade do catião) e, ao tândalo (técnica especializada - broncografia). .

Produtos iodados

A estrutura química comum à maioria destes compostos é a molécula de benzeno à qual se ligam vários átomos de iodo.

A radiopacidade depende da concentração do iodo na solução de contraste, que naturalmente resulta do número de átomos de iodo na molécula. A osmolalidade depende do número das partículas em solução, sobretudo como iões, podendo atingir valores 5 a 8 vezes superiores à osmolalidade plasmática. A elevada concentração osmótica tem vários inconvenientes, entre os quais a modificação da forma dos eritrócitos que se tornam mais agregáveis aumentando a viscosidade do sangue na microcirculação.

O objectivo a atingir com estes contrastes é obter a mais alta radio-opacidade com a menor osmolalidade possível.

Os meios de contraste iodados agrupam-se em:

a) Compostos de alta osmolalidade

São os meios de contraste convencionais- englobam monómeros tri-iodados (geralmente iónicos): amidotrizoato, iodamida, ioxitalamato, etc. utilizados por via intravenosa em urografia e angiografia; o amidotrizoato e o ioxitalamato são também utilizados por via oral ou rectal; iopodato, ácido iopanóico, entre outros - utilizado por via oral, em colecistografia.

b) Compostos de média osmolalidade

São hiperosmolares mas em menor grau que os anteriores. Correspondem a compostos não-iónicos como o iomeprol, iopamidol, o ioversol, com osmolalidades entre 410 mosmol/kg e 630 mosmol/kg.

c) Compostos de baixa osmolalidade

Uns são iso-osmolares não-iónicos ( iotrolano, iodixanol) e outros são hipo-osmolares.
A introdução dos compostos iodados de baixa osmolalidade condicionou uma diminuição significativa dos efeitos adversos destes contrastes (nefrotoxicidade, reações anafilácticas), os iso-osmolares são preferíveis, em especial, quando é necessário administrar grandes doses, por exemplo em angiografias e em doentes com insuficiência renal.
Devido ao elevado custo destes contrastes, tem sido recomendado reservá-los para os doentes incluídos em grupos de risco: insuficiência renal, diabetes, história anterior de efeitos adversos com contrastes iodados, insuficiência cardíaca congestiva.

d) Outros compostos iodados

Inclui meios iodados, oleosos ou aquosos, para visualização de fístulas, canais excretores, glândulas salivares, útero, trompas e bexiga.
Para broncografia usam-se substâncias hidrossolúveis, pouco irritantes e facilmente elimináveis.

Reações adversas dos contrastes iodados injetáveis:

1. A sensação de calor cefálica ou generalizada, dor, náusea e mesmo vómito são bem conhecidos e não acarretam risco; são inexistentes ou menos frequentes com a utilização de compostos de baixa osmolalidade.

2. Nefrotoxicidade - A utilização de contrastes iodados tem aumentado rapidamente, quer para fins de diagnóstico (TAC, angiografias) quer para apoio de intervenções (angioplastia); a população a eles submetida é em regra mais idosa e portadora de fatores de risco múltiplos.
A frequência da nefropatia devida aos contrastes iodados, em relação ao total de casos de insuficiência renal aguda, aumentou nos últimos anos de 4 a 6 vezes. Nem todos as formas desta nefropatia são graves e por vezes apenas há uma subida da creatinina plasmática durante 2 a 3 dias.

É indispensável ter sempre presente quais os fatores de risco para o instalar da nefropatia dos contrastes:

- Dose do contraste (utilizar a quantidade mínima possível; não repetir exames com intervalos curtos); os compostos de baixa osmolalidade não provaram inocuidade absoluta, sendo apenas menos agressivos.

-Insuficiência renal anterior (o risco de agravamento e/ou de insuficiência renal aguda aumenta se a creatinina sérica for > 2,0 mg/dl). Nestas situações utilizar sempre os compostos de baixa osmolalidade.

- Deplecção de volume (a desidratação é um dos mais evidentes factores de risco, pelo que a hidratação prévia é das melhores medidas profilácticas).

- Diabetes mellitus e insuficiência cardíaca congestiva

A nefropatia dos meios de contraste é em regra não oligúrica; contudo pode haver casos raros com anúria onde a hemodiálise remove 50 a 90% da dose do contraste em circulação.
As medidas profilácticas mais importantes consistem na detecção de factores de risco (determinar previamente os valores de creatinina sérica em diabéticos e idosos) e na prática uma boa hidratação.

3. Reacções anafilactóides - podem variar desde o aparecimento de algumas pápulas, até choque anafiláctico e morte. Embora a patogenia destes acidentes não esteja completamente esclarecida, enquadram-se bem naquele tipo de processos e constituem grupo de risco os indivíduos com história de reacções em exames anteriores, asma ou doença pulmonar grave e alergia atópica (é recomendável a administração profiláctica de corticosteróides). Os médicos que utilizam meios de contraste iodados têm de conhecer os sintomas característicos (taquipneia, edema da glote, opressão, pavor, choque, convulsões) e estar equipados para os corrigir com capacidade de monitorização e meios de suporte.

4. Dado que certos compostos contêm entre 30% a 40% de iodo, as quantidades deste elemento injectado por via intravenosa atingem com facilidade valores de 15 g a 30 g ou mesmo 60 g a 70 g em arteriografia. Podem surgir pequenas quantidades de iodo livre por desalogenização o que vai inibir a síntese hormonal na tiroideia e tornar impossível, durante algumas semanas, qualquer prova funcional significativa para aquela glândula.

Produtos baritados

O sulfato de bário é utilizado por via oral ou em clister, sob a forma de suspensões preparadas extemporaneamente ou já prontas para uso, para obter o contraste dos vários segmentos do tubo digestivo. As características mais importantes das suspensões de bário são o tamanho das partículas e a viscosidade que determinam a velocidade de sedimentação das partículas e a sua maior ou menor capacidade de revestir as mucosas.
Os produtos à base de sulfato de bário contém partículas de diversos tamanhos que podem variar desde décimos até algumas dezenas de micrómetro, pelo que expressões como "micronizado", "estabilizado", "micropartículas", etc. não correspondem a qualquer definição.


MEIOS DE DIAGNÓSTICO NÃO RADIOLÓGICO

Este grupo é necessariamente heterogéneo, abrangendo desde, compostos para avaliação do funcionamento de glândulas endócrinas até reagentes aplicados em suportes plásticos. As demonstração de estruturas anatómicas e suas alterações patológicas esteve limitada à radiologia convencional durante longos anos. Mais tarde, surge uma importante variante, a tomografia computorizada com os seus vários tipos. Por último entram na prática clínica métodos não radiológicos, em especial a ultrassonografia e a ressonância magnética nuclear. Ao conjunto de todos estes métodos passou a chamar-se Imagiologia a que se acrescenta a perspectiva da Medicina Nuclear que fornece uma avaliação morfo-funcional única.


PREPARAÇÕES RADIOFARMACÊUTICAS (RADIOFÁRMACOS)

A Farmacopeia Portuguesa define preparação radiofarmacêutica como aquela que contém um ou vários radionuclídeos.
A expansão da Medicina Nuclear tem sido muito mais importante no campo do diagnóstico (imagiologia, provas funcionais) do que no da terapêutica. Apenas o Estrôncio (89Sr) e o Samário (153Sm) têm aplicação terapêutica exclusiva.
A sua recepção e preparação (diluições, doses unitárias e controlo de qualidade), exigem qualificação própria, donde ter surgido a Radiofarmácia Hospitalar (com zonas funcionais diversas e um código de protecção dentro dos preceitos legais) da responsabilidade de um licenciado em Farmácia com a especialização pertinente.

O Tecnécio (99mTc) é obtido sob a forma de uma solução salina de pertecnetato (99mTcCO4-Na+) de sódio estéril e apirogénica a partir da eluição de um gerador comercial de 99Mo / 99mTc com soro fisiológico. O Tecnécio (99mTc) é um dos radionuclídeos mais amplamente utilizados em Medicina Nuclear, principalmente devido ao seu período de semi-desintegração físico de 6,02 h e a ao facto de decair por emissão de radiação gama com uma energia de 140 keV (quilo electrão volt). Estas características condicionam favoravelmente a penetração tecidular e a boa aquisição de imagens cintigráficas, resultando numa baixa dose de radiação absorvida pelo doente. O Tecnécio (99mTc), sob a forma de pertecnetato (99mTcCO4-Na+) de sódio, tem uma distribuição biológica semelhante à do Iodo, não sendo no entanto fixado como este último. Concentra-se principalmente na tiróide, nas glândulas salivares, mucosa gástrica e plexo coroideu. Os radiofármacos marcados com Tecnécio (99mTc) a seguir enunciados são alguns dos agentes mais utilizados em provas cintigráficas:
- Tecnécio (99mTc) macrosalb - traçador intravascular; cintigrafia do pulmão e do fígado.
- Tecnécio (99mTc) ácido medrónico e Tecnécio (99mTc) pirofosfato de sódio - cintigrafia do esqueleto.
- Tecnécio (99mTc) ácido pentético, em aerossoles - estudos de permeabilidade do alvéolo capilar e inalação pulmonar.
- Tecnécio (99mTc) exametazina - cintigrafia do cérebro e marcação de leucócitos.

Dos radiofármacos marcados com Gálio (67Ga) é o citrato o mais usado para cintigrafia de tumores e localização de processos inflamatórios.

Dos gases inertes o Xénon (133Xe) é usado em estudos de ventilação e perfusão pulmonares e perfusão cerebral; o Crípton (81mKr) reserva-se para estudos de ventilação pulmonar.

O Tálio (201Tl), na forma de cloreto, é um catião monovalente semelhante ao ião potássio usado em cintigrafia miocárdica, em repouso e em sobrecarga provocada por esforço físico ou por fármacos ( dipiridamol e adenosina).

A Selenometionina (75Se), é dos poucos marcadores que possibilita a realização de cintigrafia do pâncreas.

Dos radiofármacos com Iodo, o iodeto (123I) e (131I) de sódio é usado para cintigrafia tireoidea, medida de captação e em terapêutica (131I). A Iodo (125I) albumina humana destina-se a medidas de volume plasmático e os Iodo (125I) anticorpos utilizam-se em radioimunoensaio. Anticorpos monoclonais marcados com Iodo (123I) e Iodo (131I) destinam-se, respectivamente, a cintigrafia e a terapêutica de afecções tireoideas.

Os radionuclídeos emissores de positrões mais frequentemente utilizados nas imagens de tomografia de emissão de positrões (PET) são o Oxigénio (15O), Azoto (13N), Carbono (11C) e Flúor (18F). O curto período de semi-desintegração físico destes isótopos obriga a que sejam sintetizados junto do local onde vão ser obtidas as imagens de PET, o que requer a disponibilidade de um ciclotrão. Estes isótopos possibilitam, entre outros, estudos de metabolismo, do volume e massa eritrocitária, ou da perfusão miocárdica e cerebral.

De entre os exames sem imagem que utilizam preparações radiofarmacêuticas podem referir-se:
- medida da massa eritrocitária por marcação autóloga com Crómio (51Cr) ou, ocasionalmente, com (99mTc);
- a medida de volume plasmático após injecção IV de Iodo (125I) albumina humana;
- medida da função glomerular com Edetato de crómio (51Cr);
- medida da perda de sangue gastrintestinal com eritrócitos marcados com Crómio (51Cr).

Praticam-se na clínica testes respiratórios com isótopos não radioactivos: o Carbono (13C), onde se mede a quantidade de CO2 exalado. Refere-se o teste da bílis ácida feito com a ingestão de (13C) ácido glicólico e o teste da ureia marcada, também ingerida, para demonstrar a presença de Helicobacter pylori na mucosa gástrica, dado esta bactéria ser rica em urease, que desdobra a ureia libertando CO2.